A história da BMW está repleta de clássicos do design, mas às vezes são os carros que não são construídos que contam histórias as mais interessantes.

Este é certamente o caso do BMW Garmisch, um carro concetual criado para o Salão de Genebra de 1970 por Marcello Gandini, trabalhando para a icónica marca de design Italiana Bertone.

O Garmisch foi construído a partir da plataforma do modelo 2002, o popular de duas portas da BMW.

Concluído em apenas alguns meses no estúdio da Bertone em Turim, onde o corpo e o interior eram inteiramente feitos à mão, o Garmisch original estava muito à frente do seu tempo, com mínimos detalhes e linhas afiadas. Havia outros detalhes do período, como o espelho retrovisor do lado do passageiro e a malha de favo de mel sobre a janela traseira.
Este modelo foi certamente uma afirmação ousada do glamour dos anos 70.

Depois do show, o carro desapareceu, presumivelmente na garagem de um colecionador obsessivo, ou talvez desmontado em partes ou até mesmo desmantelado.

No Concorso d’Eleganza Villa d’Este deste ano, que decorreu de 24 a 26 de Maio de 2019, a BMW apresentou um Garmisch totalmente novo, cuidadosamente reconstruído a partir do zero para representar uma cópia perfeita do original de Gandini.

A BMW não está apenas a aproveitar a atual moda do design dos anos 70. Para começar, não é difícil ver elementos dos conceitos modernos da BMW através do prisma facetado da abordagem de Gandini, especialmente o crossover elétrico iNEXT do ano passado.

Mais importante ainda, a muito aguardada e elogiada era dos elétricos, exigirá ainda mais variações no design, especialmente no que diz respeito à personalização.

Poderá o Garmisch ser uma sugestão do que está reservado para colecionadores abastados?
É certamente uma prova de conceito, demonstrando as capacidades do estúdio BMW Group Design, trabalhando juntamente com o departamento Classic da BMW.

O Garmisch 2019 é uma recreação verdadeiramente fiel, tendo sido montado a partir de fotografias do carro original e usando um novo modelo 3D construído pela BMW, juntamente com a contribuição do próprio Marcello Gandini.
O mestre italiano, agora com 80 anos, foi pessoalmente abordado pelo diretor de design da BMW, Adrian Van Hooydonk, e o carro acabou por ser construído em Turim, assim como o original.

Ter um controlo firme sobre o passado é uma parte essencial da gestão moderna da marca e, ao recriar este clássico perdido, a BMW espera consolidar a sua imagem de longa data como proponente do design progressivo.